Élio Maia, presidente da Câmara de Aveiro: “Partimos para o segundo mandato muito mais responsabilizados”
O “conhecimento” e a “experiência” acumulados no primeiro mandato vão ser muito úteis ao novo executivo de Élio Maia. “Já não partimos do zero”, diz na sua primeira entrevista ao Diário de Aveiro após a reeleição.
Contava reforçar a maioria da coligação PSD/CDS?
Nunca apontámos uma meta. Mas o resultado agradou-nos e aceitámo-lo com um sentimento de gratidão e responsabilidade. Gratidão a todos os que participaram no acto eleitoral e aos que nestes quatro anos desenvolveram um trabalho notável. Responsabilidade porque partimos para este segundo mandato muito mais responsabilizados, uma vez que tivemos um aumento significativo na votação.
Que papel espera da oposição?
Confio numa oposição séria, empenhada e responsável. Todos somos importantes na construção do futuro da comunidade. Não iremos afastar ninguém. Iremos procurar envolver as pessoas e torná-los participantes na construção desse futuro. Os três eleitos do PS são pessoas com quem temos um relacionamento pessoal próximo e que ao longo da sua vida têm dado mostras de servir a comunidade. Acreditamos que serão um reforço grande na nossa gestão autárquica.
Mas neste mandato a relação da maioria com o PS ficou marcado por alguma tensão.
Quanto aos vereadores, penso que não houve tensão. Houve o exercício da liberdade, o que é compreensível e desejável. No executivo, muito embora tenha havido alguma belicosidade uma ou outra vez, a nota mais marcante é que as 143 reuniões foram um espaço de liberdade e de respeito em que cada um procurou contribuir para um concelho melhor. Fora do executivo, nomeadamente no que diz respeito à pessoa que preside ao principal partido da oposição, não posso dizer o mesmo.
No actual mandato, a maioria PSD/CDS recorreu muito ao discurso da pesada herança que herdou dos executivos anteriores. Esse álibi vai ser abandonado?
A questão da dívida não foi um argumento e muito menos uma desculpa. Foi um facto. Houve uma inspecção promovida pela Inspecção-Geral de Finanças e depois por uma entidade privada que o veio confirmar. Todos os meses tínhamos de levar aos bancos 1,3 milhões de euros. Tínhamos também dívidas a milhares de fornecedores. São factos concretos e impeditivos de podermos sonhar e realizar. Fizemos o que tínhamos o dever de fazer. Eu disse algumas vezes que seriam necessários cerca de 15 anos para que a situação se viesse a equilibrar e foi feito um esforço muito grande neste mandato. A situação está agora diferente. Conseguimos reduzir a dívida a uma média de um milhão de euros por mês durante o mandato, o que corresponde a cerca de 50 milhões de euros. Era importante fazer isto, porque dever dinheiro custa muito dinheiro. Não pagar uma empreitada a uma empresa significa que a empresa pode cobrar-nos juros de 11 por cento. Tivemos casos de obras em que nos custaram mais os juros do que a própria obra.